sexta-feira, 8 de abril de 2016

Irmão

Eu me guardo
E te guardo uma estória
A insônia da parede que te devora
A fenda risonha
Onde escapamos livres para a noite
Para o sol noturno
Para a pluralidade da rua soturna
Deserta mas jamais absurda

Eu me guardo
E te guardo numa história
A bebedeira inapta que nos espera na curva
O coração intacto
Pronto pra ser esmurrado por quem ele guarda
Pois tudo é antigo
Pois tudo hoje é novo e tem pressa
Aprender tudo é uma festa

Eu me guardo
E te guardo noutra história
Não dá mais pra moer aquelas noites agora
Até a saudade já foi embora
Eu me guardo
Eu te guardo
Pra toda hora

“Venha ver como dão mel as abelhas do céu”...

segunda-feira, 4 de abril de 2016

De lado

Está aqui e ali
Mas ninguém vê
O dedo em riste de tanto temer
Beber demais o café conveniente
E nem ligar se o que está por baixo
É chão
É lama
Ou é gente

Parti eu daqui
E a minha fé
Escolhi a escola que é se perder
Cavar um poço dentro de si
E separar dos meus pedaços
O que é meu
E o que é do mundo

E é logo ali
É tão ao lado
Como o ré do mi
Tão encostado
Mas desde sempre fomos educados
E ao esbarrar com a nossa alma

Sempre viramos de lado

domingo, 3 de abril de 2016

Estupidologia

Agora sim
É desta vez
Papai dizia:
O mundo é de vocês!

No meu tempo a gente sofria
No meu tempo não havia tempo
Pra dizer bom dia
Pra ficar atento à quadrilha hereditária

Mas espere um pouco?
Que porra é essa?
Quem entregou a chave do mundo aos abutres?

Agora vi
É outra vez
A tv saliva:
Eu canto com vocês!

No hemisfério a gente se espreme
No hemisfério a descarga liberal
Mas todos felizes
Todos empenhados em se lambuzar

Mas espero um pouco?
Que porra é essa?

É a cruz bugada que chega sem vibrar