terça-feira, 25 de junho de 2013

O Velar


Quando todos partiram e nenhum abraço sobrou
Quando a luz brandou e o cheiro das velas perfumou a praça
Achou enfim graça de si mesmo
Descobrindo que viver tem seu malabarismo
E que a saudade é deselegante e justa
Se o amor some de uma hora pra outra
Se o amor se desdobra noutra dimensão...
E a gente fica com cara de besta olhando o horizonte
Como quem espera os créditos ao final de um filme

Quando todos partiram e nenhum consolo educado atrapalhou
Ele pôde chorar desengonçado e tolo
Ele pôde conquistar o próprio perdão

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Raso


E se na esquina do bairro

Eu fosse uma buzina de luz
Eu fosse a meretriz e fosse o perdão
O riso destrancado e vivo
A ferrugem a comer o cadeado
O coração arremessado pela janela
Caíndo no colo dessa coisa bela que uns chamam de abuso
E minha falta de sono chama de liberdade

E se no escombro de mim
Eu fosse a vontade de muitos
Eu fosse a ruptura e a comunhão
O brilho refeito nos olhos
A frase com cheiro de sábado
O amor que eu pego e eu largo no raso
Pois ainda não vejo o fim do meu fundo

terça-feira, 11 de junho de 2013

O Quintal de Lavínia

Inventa
Inventa, teima e inventa
Rabisca colorido
Bebe água apressada
Fica calada

Amigo invisível
Passeia pelos olhos
Sorri calada

Inventa
Inventa, teima e inventa
Porta escancarada
Água do chuveiro
Outro planeta

Amigo invisível
Cinema dentro dos olhos
Sorri calada

Lavínia passei pela vida onde o tempo não manda nada
Sua alma não tem horário
É forte o quanto é bela
Explica o universo usando um outro vocabulário

Seu vocabulário

sexta-feira, 7 de junho de 2013

EDUCAÇÃO


A casa já dorme
Deixa de medo
Eu vim te ver, te buscar
Levar teu ser por aí tendo o teu peito como mar

A cidade já ronca
Esquece da hora
Vamos pra lá, vamos embora
Lá onde a alma sabe que pode rir e chorar

Veja bem, que falta faz eu te ver
Não esse aí
Não esse espelho travestido de você
Mas você
Você que há um tempo se guardou de tudo
E pra quê?

A garoa já deita
Deixa de dúvida
Faz tua mala, tua prece
Essa luz que cresce no papel que você rabisca

A cidade levanta
O amor dorme
A cidade vomita os segundos do relógio sobre os automóveis

A cidade levanta
A cidade levanta
O amor finge que te esquece por educação
E você continua firme e forte