sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Gargalhada

E quando é assim?
Quando foi ontem e já amanhã
Agora
Lá depois do tombo
Do beijo
Do primeiro trinco no coração

Depois de um amor quebrado
De um amigo que partiu
Dos pais distantes
Do assalto legalizado
Da solidão
Esse rolo compressor que usamos pra pavimentar a modernidade

E quando é depois?
Onde é algo bobo
Uma piada
Uma mentira engraçada
Ou o seu nome noutra boca com carinho
E quando é assim?
A explosão que te alivia
Essa bomba do caralho chamada gargalhada

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tosse

Sabe uma tosse?
Daquelas que você guarda por anos
Que você segura sem perceber
Pois não há tempo
Enquanto você chora
Enquanto você se encolhe amiúde
Por uma saudade inicialmente clara
Por uma culpa inicialmente justa
Duas putas que zombam da tua cara
Enquanto te roubam a alma
Sabe uma tosse?
É feito isso
Feito o foda-se que eu te dou agora

Eu Confesso

Já que você me pede eu confesso
Que não posso mais sorrir sem peso
Que não posso mais andar alegre
Que não sei sonhar um verso
Que não gosto de dormir tarde


Que não tenho mais vontade
Que não tenho mais amigos
Eu não olho mais a lua
Eu não gosto mais do carnaval


Já que você me pede eu entrego
Que não quero mais ir pro boteco
Que não quero mais ouvir piada
Que não gosto mais de pipoca
Que não toco mais minha guitarra depois que você me esqueceu

Que eu não quero mais um amor breve
Ou eterno
Ou terno ou fogo ou febre
Ah, qualquer barbaridade que te deixe feliz

Já que você me enche o saco eu invento qualquer bobagem
E assim você tem na testa o teu troféu
E eu tenho pressa
Pois lá onde o caldo do som engrossa o povo me espera
Lá onde o caldo do som engrossa o povo me espera

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O Jogo

Eu teimo no jogo mas me canso
Pois o jogo é bobo
Pois o jogo é óbvio
O jogo não põe na rua o carnaval que existe no meu peito
Eu teimo
Mas o jogo teima em ser só um jogo