quarta-feira, 27 de junho de 2018

Anedota pra sair de fininho

Diluído num minuto cansado
A porta do mundo fechada
É só o meu peito
É só no meu peito

Num segredo que sopra o vento
A educação que foi treinada
E tudo tão feio
E tudo tão feito pra durar só o tempo da foto

Que pecado eu fui cometer quando tive medo
Jogar os olhos por cima do muro
Assumir a guerra interior
E ao abrir de novo os olhos
Ver o corpo apartado da órbita deste mundo

Vou com calma ser absurdo
Vou com calma ser o chato em silêncio no canto da festa

É o que resta posto que o mesmo vinho já não me deixa mais bobo
O mesmo vinho já não me torna irmão dos vampiros sem rumo

Eu não posso fugir e nem quero
Já não tenho casa no mundo
Meu telhado é aqui dentro

Diluído num segundo cansado
O sono é o privilégio que eu não tenho
É só o meu peito

É no meu peito o lugar que ainda não compreendo

sábado, 2 de junho de 2018

Natal

Existe um lugar tão pequeno
Cheio de gentinha tão pequena
Com um vazio tão grande
Onde o cheiro de futileza se espalha
Onde a vida alheia é o esporte
Onde o louco é falso... e bobo... e burro...
Pois não é louco... é um trouxa de sarjeta
E a conversa tão fácil
E a covardia tão dócil
E a caixinha de desculpas sempre toca
Pronta pra brilhar a cada vômito

Esquecem que ser homem é ser criança e não moleque
Pois o caráter ali apodrece com a idade
E já faz algum tempo
Que do fedor já estão acostumados
De fato é de dar pena
De longe eu me sinto agraciado

Eles se seguram no buraco da lama
Se abraçam e se afundam
Pra garantir que todo mundo se lambuze
E nas placas platinas
Os sobrenomes já estão enferrujados

No calendário das tragédias anunciadas
Esses bostas fazem fila
E choram na cabeceira do caixão
Pois é mais fácil o choro que a luta
E pro coração pequeno a vida é feito a televisão
Esse coração uva passa

Tratei logo de pular fora
Não quero que me achem simpático
Não lá
Nunca mais

Mas me dói ver quem eu amo perdido por aquelas bandas