terça-feira, 29 de março de 2016

De volta

Voltaria
Sim, voltaria
Encontraria de novo, pela primeira vez
Meus grandes amigos
Vizinhos
Cantos e botecos
Os barulhos da noite
O sol forte
O skate
O açoite que era segurar um riso
O piso frio da sala
A porta destrancada
A coragem

Voltaria
Sim, voltaria
Conheceria de novo, pela primeira vez
O primeiro acorde
O vinho
Livros e bêbados
A canção forte
O copo
O meu rosto arrombado com um riso
O caso do amigo
A porta destrancada
Pai e mãe dormindo sob o mesmo teto

Voltaria,
Sim, voltaria
Avistaria de novo, pela primeira vez
O quadro negro
O giz
Desenhos e silêncio
A zona na cabeça
O futebol
O meu coração espatifado
Que cuidadosamente eu fui colando...
Átomo por átomo

domingo, 13 de março de 2016

Lembrar

Parece ser meu eterno erro
Jamais entregar tudo de mim
Jamais mostrar todas as salas da minha alma
Apenas pra ter algo somente meu


E quem me detesta me chama de estranho
E quem me ama me acusa de ter segredos


As noites que jamais terminaram
As notas da Barbarella
A amizade forjada a risos e pontapés
Agora solidão… solidão de si mesmo.


Os poetas da Bossa Nova…
Os fantasmas do Grunge…
Tornei-me um puto… no conformismo absoluto
De que tudo que se sonha jovem é falta de experiência.


Parece ser meu eterno erro
Levantar-me para um café
Levantar-me para a vida

E lembrar… e lembrar… e lembrar...

sábado, 5 de março de 2016

Que se fodam os poetas

Solidão não tem lugar
Não escolhe rosto nem parentesco
E não importa nada
Você é o padrasto cruel
O assaltante que rouba a alegria da casa

Solidão é o amigo invisível que o poeta carrega
Ela o alimenta
Leva ao trabalho
Ao dentista
Ao boteco e a novena
Silenciosamente
Pacientemente

Eles amam os poemas
Mas detestam os poetas

O poema é imortal
É puro e perfeito
É lindo
É cool

O poeta é louco e vagabundo
Sozinho e problemático
Triste e perdido
É estranho
Não é bom partido
Não é confiável
Não tem os pés no chão
É infantil
É tolo e sonha demais

Eles amam os poemas
Mas detestam os poetas

Os poemas são divinos
São sábios
Palmas e lágrimas aos poemas
E que se fodam os poetas