sexta-feira, 30 de abril de 2010

ME DEIXE

Não passe a tempo de me guardar da chuva enquanto sol
Do frio enquanto calor
Do jeito falso indiferente com que cruzo as pessoas na rua

Pode ser esse brilho em mim a tua assinatura?

Não passe a tempo de me salvar da solidão enquanto escola
Do silêncio enquanto música
Da chama dura que se guarda pra aquecer a tua vida

Pode ser esse brilho em mim a tua assinatura?

Não passe a tempo de me salvar do choro enquanto vida
Da saudade enquanto aceite
Do que foi a minha vida ali há pouco... ainda meu maior tesouro

Nem se preocupe com o que se ocupa em tentar me cercar
São fios de vozes caquéticos
Assombros capengas
Fantasmas farrapos de uma raiva covarde que jamais me assusta

Pra você, mesmo que reste um nunca à nossas mãos noutra hora juntas
O meu profundo Amor, meu Bem

quinta-feira, 8 de abril de 2010

NEM VEM QUE EU NEM SEI


Nem vem você
Que hoje eu nem vou me dar assim tão cego
Eu pego meus cacos e vou pra lá
O que dizer
Se o que queres resgatar de mim hoje eu nego?
Eu sigo a estrada que acaba em tua língua
Eu rio a melancolia da tua pinga

Nem vem você
Que hoje eu nem tenho uma mentira pra dizer
Fui benzer umas datas do calendário
O que perder
Se deixei tudo que é de mim em teu peito?
Eu vivo a prévia da ressaca que te espera
Eu morro a mentira que você berra

Que flor assim tão singular
Vive tanto tempo sem alguém pra vigiar?
Que dor assim tão devagar
Passa tão serena sem alguém pra consolar?

Nem vem você
Que hoje eu vou me lambuzar do teu veneno
Eu dano a lógica da canalha
O que dizer?
O que jogar fora do porão das nossas coisas?
Eu vendo caro duas sílabas semi-usadas
Eu deixo meu nome murmurando em tuas calçadas