quarta-feira, 29 de junho de 2022

Pau no cu

 

Morrer do mundo

Não de mim

Morrer do nome… do cpf

Morrer da responsabilidade vazia

Do comprometimento com essa futilidade efêmera

O que você, na sua ignorância, pensa que é para o Sol… para a Lua?

Qual é a sua importância para qualquer estrela?

Nenhuma

Nada…

Tu és apenas um riso… um riso de pena.

Dois passos de formiga para o tempo das estrelas

Você é só um pau no cu


Morrer do mundo

Não de mim

Morrer das paredes

Das instituições

Das mesas e dos talheres

Morrer das maledicências…

Da mesquinharia

Da moda… do legal…

Do refinado e do brega

Morrer do cozido da panela social


Tá surdo para o único e verdadeiro ponteiro?

O ponteiro derradeiro

Você é só um otário, pau no cu


segunda-feira, 11 de abril de 2022

Comigo

 Quem é você cruel assim?

Que me mastiga devagar, anos sem fim

Que sabor a minha tristeza tem pra você?

Essa tv em meu coração

Onde quem eu amo se contorce em desespero

E minha mão nunca alcança

Minha inteligência fica muda

Minha razão afunda num aquário profundo

Lamacento


Deixe disso

Deixe de mexer com eles

Venha ter isso direto comigo

Venha acertar isso comigo


segunda-feira, 4 de abril de 2022

Ribeirão

Sabe

Algumas vezes

Nas vezes longe daqui

Quando volto para os braços do que era novo

Eu quase sinto revolta

Por perder-te assim em silêncio

Vagarosamente imperceptível

Como os meus passos no teu calçadão


Ali

Quando minha consciência desmaia aqui

E acorda sobrenaturalmente

Nas tuas tardes quentes

Nas noites longas e agitadas

O som dos cabos do trólebus

O Luciano no gol

O mesmo disco de vinil

Os fantasmas do estádio do Comercial

O Tutty no beliche de cima

Os lanches do Amauri

A Treze

As preces secretas

A risada do Juninho

A Meira Junior

O tabuleiro do Eli

O Barmania

A Praça Quinze

Paulistânia

Skate, Rede Netbios e Doom

Da Sé, shape do Thronn, Zoom

Pai e Mãe

O Evandro pra me ouvir

As viagens do Cocão

Mas eu volto

Abro os olhos

Solidão, Solidão




sexta-feira, 18 de março de 2022

Idiota

 Aprenda isso idiota

Você é só

Aí dentro, nessa ilha fantasma

Rodeado por esses muros

Você é só


Não procure que o entendam

Não busque consolo

Guarde a tua hora privada pra chorar

Dê ao mundo apenas alguma calma

Feito uma brisa cansada e fraca

A tormenta é tua

Ela vai alimentar tua alma

Vai te dar força e olhos

E você verá essa merda toda com desprezo e pena


Ninguém se torna íntimo do mar navegando só os dias claros

A tormanta, idiota

A tormenta é tua

E você deve bebê-la em silêncio