domingo, 22 de novembro de 2009

SINCERIDADE

Não tenho nada de especial. Nenhum dom que me faça brilhar no meio da escuridão.
Só tenho insônia. Não durmo... não me sinto confortável pra dormir no tempo de todo o mundo.
Não tenho fórmulas matemáticas para a juventude. Não tenho os segredos deste planeta... nem sei como viajar através do universo.
Sou um nômade dentro de mim mesmo. Vago de ponto a ponto da minha alma... sem a certeza de que ela me pertence... sem entender ao certo o que é a alma.
Não sei ao certo quem eu sou. Não consigo prever o futuro das pessoas.
Não sei os números da mega-sena.
Não sei cozinhar para demais pessoas.
Não sei do amor. Desse não sei mesmo.
Só sei disso...
Quando as linhas se arrumam e me arrumam.
Quando a hora esquece de mim.
Quando a vida é preto no branco... eu me alavanco e parto daqui... parto de mim... da minha estupidez... da minha mediocridade.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

IMPRESSÃO TUA

Diz que com tua boca deixa a minha alma nua
Sabe pouco de mim se nem passeia comigo na lua
Impressão tua
Tanto caso pra isso
Teu pacote onde eu fico vai além
Eu só preciso é de alguém que me queira bem
Certo, meu bem?

Faz com tua fórmula a matemática de uma vida
Sabe pouco da minha se tem a tua tão apressada
Impressão tua
Tanta voz pra isso
Teu carimbo em meu peito doído
Eu só preciso é de um tempo aqui com meu mundo caído
E está tudo certo de novo

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ÀS COMPRAS


Atenda aos anseios à mesa
O que a velha escola te oferece como viver
Tem sido assim tua certeza
Segue adestrado com o que a tv vem dizer

Compre a mágoa da estação
Fique rindo sem entender
Passe a vida no teu cartão
É assim que gente fina tem que fazer

A alegria é invenção
Na fotografia o riso é um borrão

Satisfaça o seu egoísmo
Tudo que te faz não olhar pra si mesmo
O tempo é o juízo
Que te pega um dia quando tudo está calmo

Compre o amor num mercado
Pague a igreja e a festa
Invente o nome do pecado
De quem não faz parte da lista

O mundo é grande então
Mas é menor que a paz de um coração

E quanto ao o teu coração?
Me diz

Qual o preço à vista?
Quanto custa um sim e um não?
Qual o preço da vida fajuta?
Qual é o tamanho do teu coração?

DE ALGUM LUGAR

Deita teu corpo em teu deserto particular
O encaixe dos tacos de madeira
O teto brando vigiando tuas coisas
A garrafa vazia de um dia qualquer
A sequência de números num papel

A cidade estica as costas pra se espreguiçar
A gente em choque de ver você gargalhar

Há algo que só você sabe
Há algo que só você percebe

Deita teu corpo em teu deserto azul
A calça esquecida fora do lugar
A janela vestida da luz que passa
A pílula solitária no frasco de dormir
A ave pendurada no fio de alta tensão

A cidade é só um teco do que sai de você
A vida é a dança que você quer reinventar

Há isso que te cabe
Há isso que te cabe

Toque fogo com teus olhos até a onde tua vista alcança
Toque fogo com teu peito até onde a tua alma voa

E quando for a hora de sossegar
Quando o endereço for o último daqui
O último dessa vez de passear
Vou rir de tudo isso de algum lugar

domingo, 15 de novembro de 2009

LOUCA


Passei os olhos por aí pra ver esse caso acabar
Passei os olhos por aí pra recobrar o meu ar

Um começo de tarde
Um farol, um até
Um coração que arde
Na contra-mão da pouca fé

Um quintal na saudade
Um beijo na face
Um palavrão com vontade
Pra quando a dor me esquece

Tem sido tão calmo aqui na falta que você faz
Tem sido tão calmo aqui no prenúncio dessa paz

Um doce na boca
Uma asa nos pés
A vontade até rouca
De gritar sua vez

Um descaso pra isso
Um espasmo no riso
Um lugar que eu peço
Quando me encontro no gozo

E tudo
E tudo isso

Passei os olhos por aí pra me esvaziar de você
Passei os olhos por aí pra me renovar de você

Uma ressaca, um trovão!
A endorfina, o quadril
Uma ressaca, um não!
De mim o que você ainda não viu

Gosto solto na boca
Gosto solto na alma
Será o amor uma louca
Que te ferra e te salva?

Será você essa louca?
Será você essa louca?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

IGUAL DIFERENTE

Gente subindo e descendo a rua
Gente com riso pra tudo
Gente com horror do mundo
Gente com o peito oco
Gente com a cabeça na lua

Gente calada dentro do elevador
Gente escrevendo uma carta
Gente tomando café
Gente gelada fazendo conta
Gente chorando por amor

Gente discutindo alto o futebol
Gente falando no telefone
Gente dormindo no sofá
Gente jogando na mega-sena
Gente lendo mentira no jornal

E a gente onde fica no meio disso tudo?
Onde a gente belisca o nosso próprio absurdo?

Gente descendo e subindo a rua
Gente sem riso pra nada
Gente conformada com o mundo
Gente com coração profundo
Gente que manda foguete pra lua

Gente que conta piada no elevador
Gente escrevendo um email
Gente tomando cachaça
Gente no bar perdendo a conta
Gente feliz por amor

Gente sussurrando se foi gol
Gente cara à cara pra dizer
Gente trepando no sofá
Gente pegando o metrô
Gente limpando a bunda com jornal

Gente tão igual
Tão diferente

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

BEM VESTIDA

Oi
Eu só passei aqui pra sumir
Nem tenha um presente pra mim
Nem tenha pressa em usar esse adeus guardado em teu bolso
Você até pode usar qualquer palavra do teu cardápio
Quando o silêncio te visitar mais rápido
A poltrona da sala terá um calafrio só de lembrar da zona que eu fiz

Oi
Eu só passei aqui pra sumir
Nem tenha perguntas pra mim
Nem tenha uma frase pronta pra consertar o racho em meu coração
Você sabe pouco das esquinas do teu ouvido
Quando o silêncio te revistar sem pudor
O desenho dos teus olhos vai ficar de mal humor

Mas por aí a gente se vê

É mesmo estranho assim
Na boca o não
Na alma um estrondoso sim
Você até fica despida das tuas roupas
Mas nunca fica pelada de mim

Oi
Eu só passei pra sumir
Tenha essa lágrima esperando por mim
Tenha esses tapas esperando pra descansar no meu peito
Você até pode vestir o teu vestido de esquecer
Mas é que aqui sou eu, meu Bem
Aqui sou eu, meu Bem

É PRA DEPOIS

Ficou pra lá
O que há pra dizer?
O que há pra guardar?
O que há pra sonhar de nós dois?
O abraço é pra depois
A saudade é pra agora

Ficou pra lá
O que é um segundo?
O que é o mundo?
O que é uma vida pra consertar um engano?
Segura que a ladeira é funda

Mas tem algo aí
A gente espera aquela a porta se abrir
E o outro surgir trazendo sol
Lua e carnaval
Isso é pra depois
Isso é pra depois

Ficou pra lá
Que palavra vamos usar?
Que mistura vamos fazer?
Que lugar vamos guardar pra quando a gente envelhecer?
Solta que a alma vai embora nós achar por aí