quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Solidão Número 42

E quando caio dentro de mim
Não há nada que me ofenda
Não há pedra que me acerte
Não força que me prenda


E quando tombo dentro de mim
Não há luta a ser vencida
Não há inimigo a ser batido
Não há intriga a ser exposta


A velha casa que o tempo não matou
O sol que bronzeava meus fantasmas
Os tijolos que meus pés escalaram
Quando ainda eram bem pequenos…


Uma hora dessas eu te levo pra dar uma volta por aí


E quando acordo dentro de mim
Não há mão que tape a boca
Não há dor que seja voraz
Não há medo ao atravessar a ponte


E quando durmo dentro de mim
Um agrado a todos vocês
Que passeia com o vento… solto por aí
Pedacinhos meus…
Átomos meus… por aí

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Alto-falante

Quando eu invadia tua casa calado
Você me pedia que eu fosse embora
Eu arrombava quieto o seu rosto fechado
Eu te roubava sorrisos a qualquer hora

Não havia parede sem o meu traço
Não havia escuro sem minha história
Os retratos na estante vigiavam o meu passo
Os fantasmas do mundo temiam minha fúria

Ai de ti se zombasse da minha aventura
Quando eu invadia um planeta distante
Estendia meu olhar para a tua figura
E meus olhos eram o teu alto-falante

Quando eu invadia as tuas saudades
Você me pedia pra guardar teu segredo
Eu sabia do vento das tuas velhas tardes
Eu contava as estrelas tatuadas em teu dedo

Mas então sem aviso chegou o tempo
E você foi embora sem me avisar
Eu guardei minha alegria num velho trapo
Eu esquecia dos dias sem me importar

Mas então sem aviso a vida andou
Eu fiz do meu peito uma coisa errante
Agora eu vivo o que você me ensinou
Agora o olhar de alguém é meu alto-falante