terça-feira, 11 de julho de 2017

O dono de nada

Desça daí e atenda a porta
Feche as janelas
Tenha cuidado... o vento tira as coisas do lugar
E eu quero você livre
Livre pra fazer o que eu mando você fazer
Livre pra viver como eu mando você viver
Só sorria quando for a hora da fotografia
Chore quando eu não estiver por perto
Não aguento o seu jeito de se espatifar

Desça daí e atenda a norma
Tranque os olhos
Tenha cuidado... o sonho tira as coisas do lugar
E eu quero você solto
Solto pois apenas eu posso te encarcerar
Solto pois serei eu a te capturar
Guarde na pele as lacunas do meu discurso
Morra sem fazer bagunça na minha sala de estar
Não suporto o seu jeito de respirar

E bem depois
Bem depois mas não o bastante pra que eu esqueça
Venha me assombrar
Venha me ensinar o teu desconforto
Com o terror que eu mesmo alimentei

E bem depois
Bem depois mas não antes de que este sol escureça
Venha me assombrar
Venha me ensinar o teu calvário
Esse que eu mesmo inventei
E quem sabe um dia
Quem sabe eu suba também
E seja tão puro e forte quanto você