quarta-feira, 17 de junho de 2009

OUTRA QUALQUER

Assim sem avisar
Junto do dia
Quando calmo e certo o sol subia
Ela escolheu o medo
Recolheu sua folia
E do fundo do meu peito resolveu se mudar

Onde não há viver
Onde não há descanso no doer
Segue a gente
Miúdos pelo mundo
Nossos corpos separados
Nossas almas agarradas... tristes e cheias de tudo

Deve haver mais ar
Deve haver mais céu
Pra que eu possa voar e deixar de ser teu

Ou então
Tens de ter mais coragem
Tens de ser mais mulher
E não me perder pra uma outra qualquer

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O TEMPO QUE LEVA PRA ISSO

Faço agora sem adorno nos gestos
Do quente do café que toca a boca
O calor trocado
O canto lacrado
Dos loucos que percorrem soltos
A madrugada que os arranca da forca

E assim passa o mundo
Esse cinema no olhar
O coração grita no fundo
A quietude do mar

O rosto rijo na fila
A dor contida dentro do terno
O vazio do que a TV fala
As línguas de inverno

A paciência da flor
A timidez de um amor
Que passeia dentro da gente
Sem a chave da porta que mantemos fechada

Faço agora sem cores de fogo
Da imensidão deste meu peito
Um olhar desperto
Um quarto secreto
Onde se estende sem fôlego
A fotografia do meu afeto

E assim muda o mundo
Esse pincel no olhar
O amor dorme no fundo
A paciência do mar

E lá se vão as montanhas
Em grão de areia se transformar

Fica então a saudade sem relógio
Que não sabe que já passou da hora de se calar