sábado, 18 de setembro de 2010

QUE SEJA

É tão perto e tão secreto
No tempo chuvoso
No quieto do quarto
O relâmpago
Deus dizendo meu nome
Falando comigo
Contando o que eu guardo
E que não te confesso
Mas é sempre o teu rebelde juízo
O cabelo, a voz, a boca num arco
Teu sorriso

É tão perto e tão secreto
Na manhã absurda
Na lágrima catapulta
A vigília
O barulho do sol subindo
Falando comigo
Cobrando o que eu não digo
E que não te confesso
Mas é sempre o gozo de tua mão
Os olhos, as ancas, as sardas
Teu coração

É tão perto e tão secreto
Na tarde que boceja
No céu que amarela
O crepúsculo
O céu perdido comigo
Falando pra mim
Lembrando o que eu não esqueço
E que não te confesso
Mas é sempre teu doce deserto
O colo, o peito, o quero
Teu busto

É tão perto e tão secreto
Na lua pendurada
A amiga madrugada
A cachaça
Deus me puxando do tombo
Falando comigo
Cuidando do que eu vivo
E que não te confesso
Mas é sempre o que minha alma vê
Um nome, o nome, o nome
Você

Palavra desafogada da minha solidão
Que seja amor então

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ENQUANTO ISSO


Mesmo que pareça sem jeito
Mesmo que padeça aquele nosso tempo numa memória amarelada
Esse desejo sem explicação
Essa peito na contra-mão da lógica ditada
A voz acanhada
O amor espremido em nossas gargantas terá sua hora de voar
Terá sua vez de arrombar todo o coração

Mesmo que a chave se perca
Mesmo que suave seja a prisão onde a gente despenca da gente
Essa única graça
Esse fenômeno que caça o sono nosso
O medo nosso
O amor marginal que jogamos no fundo da vida terá justiça
Terá sua vez de perdoar nossas mentiras

Mesmo que pareça sem jeito
Mesmo que seja impossível nesse segundo apenas onde penso
Mesmo que a minha desculpa agora pareça vadia
Minha boca e tua
Nossos olhos colados e bom dia

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

QUANTO TEMPO

Quanto tempo
Quanto tempo

Que te guardem sempre forte
Sempre povo
Sempre imenso
Sentimento grandioso
Nosso todo poderoso

Longe do plástico conforto
Da bajulação da sala de prêmios

Tuas taças não são as que brilham em exposição
Mas a singularidade que teus filhos carregam neste nosso imenso coração