segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Vem um tempo aí

Não dormi na hora
E agora estou com sono
Vem um tempo aí
Vem um tempo de chuva lá fora
E depois vem a chuva

Minha janela é antiga
Lá onde a chuva vai cantar
Vai amarrar toneladas nas minhas pálpebras
Mas eu duvido
Minha alma voa
E ela gosta de me levar

Não durmo quando é a hora
E agora estou com sono
Vem um tempo aí
Vem uma festa pra mim
Ou um doce abandono

Vem um tempo aí
Minha alma sorri que não se aguenta:
Vem, Beto! Vamos lá fora!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Quebrado

Quando percebi eu já era todo errado
Dono de um comportamento indevido
De um sentimento absurdo
De um brilho mal-educado

O meu sono era torto
O meu sonho vagabundo
Minha noite transviada
Minha música um barulho
Meu coração inapto para o mundo

O meu amor era incômodo
O meu perdão covardia
Minha insônia maldição
Minha alma um mar turvo
Meu choro pornográfico

E então onde estava todo mundo?
Quando algum sufoco me perambulava pra onde essa gente esperta se mandava?
Eu ali quebrado
As vidraças do meu ser apedrejadas pelo medo deles
Pela miudeza deles
Eu ali quebrado e sempre inteiro
Ereto e vivo
Feito a graça com que Deus me abraça
Eles intocados
Protegidos de cometer alguns erros
Curvados abaixo de seus tetos
Tumbas disfarçadas de casas
Nenhum arranhão em seus rostos
Corações intactos
Eu todo quebrado e todo vivo

Eles no discurso das moscas… falando mas já falecidos