quinta-feira, 15 de maio de 2008

SE

Se toda a minha vida estivesse aberta à minha consciência
Dos recantos passivamente esquecidos nas estantes de minha memória saltariam as imagens
As vozes vertendo frases
Os cheiros
O gosto salgado da torrente de lágrima quando alcança o canto da boca
A quase dor abdominal de cair na gargalhada
Os nãos e os sins
As gripes
Os gols
Os amigos que a vida engoliu em algum lugar
Eu poderia olhar para o mapa do meu espírito e dizer:
Eis o mar onde sou meu quando dessa terrinha me perco
Eis o céu onde eu desmaio
Eis a lua que no sono eu ganho e de sonhar-me liberto me vicio
Mas mais ao escuro, longe do meridiano que pulsa
A sala vazia
A sala que escola torta construiu dentro de mim
Onde sou quieto, calado
Onde não sonho
E onde me dano ao usar o pomposo terno

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