segunda-feira, 30 de junho de 2008

BOTECOS

Eu não fico mais aqui
Não fico mais assim
Destilo essa rua com os olhos disfarçados de dóceis
E a alma debruçada sobre uma outra paisagem
A que não lhe cabe entender

Que bom duvidar do mundo sem nenhuma companhia
Sem nenhuma apatia de pensamento esperando um consolo
Zé, traz mais uma!

Eu não me entrego aqui
Não marco mais assim
Sambo meus suspiros no meu canto e só meu
No supra-ritmo que explode secreto no melhor do meu peito
Esse que bebeu o teu veneno
E não morreu

Que dom
Esquecer você de maneira tão comportada
Nem choro ou farsa
Só o olhar umedecido
Trazendo o mar pra dentro do bar
Traz mais uma!

Sento aqui sem vontade de falar
Sem reviravoltas a jurar
O suor do copo gelado
Isso que até pode ser paz
Sozinho do outro tempo

Eu não fico mais aqui
Não perco mais assim
Ajeito o cacheado do meu cabelo com uma mão
E atiro sem precisão a outra no vento pra acenar um adeus

Que bom
Duvidar de uma dor com tamanha propriedade
Engasgá-la no que sei de mim
No que sei da vida
No que vale a pena
Vivendo pra aprender que a gente não sabe de nada
E isso não faz mal

Um comentário:

Luiza Rudge Zanoni disse...

obrigada pela visita.
beijos, VS.