sábado, 5 de março de 2016

Que se fodam os poetas

Solidão não tem lugar
Não escolhe rosto nem parentesco
E não importa nada
Você é o padrasto cruel
O assaltante que rouba a alegria da casa

Solidão é o amigo invisível que o poeta carrega
Ela o alimenta
Leva ao trabalho
Ao dentista
Ao boteco e a novena
Silenciosamente
Pacientemente

Eles amam os poemas
Mas detestam os poetas

O poema é imortal
É puro e perfeito
É lindo
É cool

O poeta é louco e vagabundo
Sozinho e problemático
Triste e perdido
É estranho
Não é bom partido
Não é confiável
Não tem os pés no chão
É infantil
É tolo e sonha demais

Eles amam os poemas
Mas detestam os poetas

Os poemas são divinos
São sábios
Palmas e lágrimas aos poemas
E que se fodam os poetas

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