quarta-feira, 8 de junho de 2016

Teu Conto

Você aperta os olhos quando o relógio grita
Agarra sua coberta feito uma amante
Aceita a norma que a engrenagem dita
E no gole do seu café percebe-se um errante

Você fuma o seu no manto dócil da garoa
Vê um nome em tua boca virar vapor
Pensa que bebe sua cachaça numa boa
Mas só engole a pornografia do seu torto amor

Você entende que não entende o que é viver
Espera o farol deixar você passar
Diz doces sacanagens pra uma bela mulher
E desabita do teu corpo quando ela vem te beijar

E se os dedos esquecerem da vitrine apontando para o sol?
E se o medo for enfim bem menor que a coragem da dor?
Os sérios ainda contariam o seu dinheiro
E os bêbados cantariam por eles tanta falta de amor

E se o plano é de toda tristeza parir teu ser melhor
Na história da tua vida não seria Deus seu favorito autor?

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