terça-feira, 1 de agosto de 2017

Asfalto

Já me procura e nem é tão tarde
Estou no ar
Estou no jardim das pedras
Tossindo meu primeiro cigarro
Assoprando o que sonho da sala para um lugar mais privado

Já me procura e nem é tão tarde
Estou na rua
Estou no asfalto que ferve em janeiro
Escolhendo as primeiras palavras
Encolhendo o quanto posso pra caber dentro do mundo

Já me tortura e nem te dei um nome
Estou na sol
Estou no mapa de minha pele descascada
Regressando ao encontro inevitável
Desconstruindo a maldade pra chegar com a alma mais calma

Estou na lua
Estou no barulho do fantasma que desceu a rua
Estou na saudade disso
Daquilo e de tudo
Eu sou a saudade nesse intervalo de vida

O teu asfalto

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