quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Abrigo

Pedras
Nada mais do que pedras
E muito mais do que isso

Fritando no sol da minha infância
Minha alma na dança da vida
Sem a migalha dos falsos risos
Sem jamais do medo ter bebido

Pedras
Nada mais do que pedras
E muito mais do que isso

A privacidade onde o bom sonho habita
O buraco negro para o paraíso
O que eu buscava além dos cristais?
O que eu sabia que hoje já tenho esquecido?

Mas surge enfim o veneno furtivo
Com uma mão estendida oferecendo a modernidade como cura
E com a outra assaltando teu rubi vivo
Inundando teu sono de podre bebida
Botando os pesadelos para matar a sede no teu silêncio aflito

Só não aperte os olhos
Não, não aperte teus olhos
Atrás de ti teu exército caminha
Pois mataram teu sorriso do lado de fora
Mas não alcançaram a criança que ainda te abriga

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