Olhei
Janela órfã
Luz azul
Acho que é televisão
Um espectro a sapatear aqui dentro de casa
No rótulo da cachaça uma boa pequenina
Uma esquina perdida no teto
Eu lá em cima olhava a visita
E o espectro se esticava no colchonete da sala
_Ei! Esse é o meu lugar!
sexta-feira, 31 de julho de 2009
UMA VISITA
Postado por Beto Renzo às 19:05 1 comentários
HOJE EU VOU DORMIR
Hoje eu vou dormir com o sol sem tua mão irascível
Soprando baixo uma marchinha de carnaval
Descansa o pingado no balcão do botequim
Eu vou, eu juro, eu sei que é assim
Você vigia os copos que amanheceram na pia
Na frívola manhã do teu cansado dia
Frio
Um bocado
Eu à solta por aí na torrente das veias desta vida
Eu vou, eu juro, eu sei que você me respira
Eu guardo de você uma dança a dois na Xavier de Toledo
Eu guardo de você uma dança a dois quando a gente não tinha medo
Hoje eu vou dormir com a tua teimosia me beijando
Ainda tenho a fotografia que ainda não tiramos
Você não tinge com esmalte colorido as suas unhas
Espalha o cheiro do teu cabelo pelas avenidas
Eu
Um coitado
Hoje eu vou dormir com aquela mesma pergunta
Eu vou, eu juro, eu sei que é você
Eu guardo de você uma dança a dois na Xavier de Toledo
Eu guardo de você uma dança a dois quando a gente não tinha medo
Postado por Beto Renzo às 18:52 0 comentários
quinta-feira, 30 de julho de 2009
AQUELES DIAS
Pensava que havia uma vela
Na curva onde eu devia entrar
Teimava na febre do sonho
Deixava o mundo todo pra lá
Feria minha alegria
A tinta guache que derretia quando chovia no quintal
Nem existia o meu bem
Nem existia um boteco e tal
Eu nem sabia que você vinha pra depois dizer tchau
Pensava o céu numa avenida
Enquanto não tocava o sinal
Tingia o fel da sala quieta
Nos meus fantasmas a diversão
Guardava minha alegria
Pra tarde inteira que me esperava do outro lado do portão
Nem existia você, meu bem
Eu sorria sem preço algum
Eu nem sabia que você vinha pra depois a solidão
Era um dia sem pressa alguma
Do muro de casa eu general
Então do outro lado do mundo da minha rua
Você afinal
Meus olhos disfarçavam no céu
Meu coração te olhava
E voava
Voava e então aqueles dias partiram dentro de mim
Postado por Beto Renzo às 18:11 0 comentários
terça-feira, 28 de julho de 2009
MADRUGADA ME CAI BEM
E a insônia já se faz
A saudade nem dorme mais
Dedo no interruptor
Finda a luz
A quietude me conduz pra ancorar no fundo de mim
Esse amor
Náufrago da tormenta dentro de nós dois
Madrugada
E a insônia já me cai
Coração já pegou um trem
Pra lá
Pra cá
Pra onde a gente não se encontra mais
Dedo no interruptor
Nasce a luz
A feiúra reluz no branco que segue o resto das cartas
Esse amor
Louco da bagunça dentro de nós dois
Madrugada já se faz
Madrugada já se faz
Madrugada já te traz
Madrugada já me cai tão bem
Postado por Beto Renzo às 18:52 0 comentários
quinta-feira, 23 de julho de 2009
CHUVA E OLHOS
Só os dorsos dobrados se protegendo do frio
Como quem carrega um sonho no peito
Um segredo nos seios
Depois que choveu
Atravessam a paulista
Rijos na faixa mas fora de fila
Como uma enxurrada de almas viúvas
Um cemitério de estrelas
Quem permite a si mesmo um pouco do seu próprio tempo?
Só que no caminho dos olhos
O fim do túnel somos nós mesmos
E depois que choveu
Só os telefones vibrando no fundo dos bolsos
Pra avisar que o congestionamento é agora o nosso bem comum
Depois que choveu
Enquanto o frio na calçada distribui seus beijos
A gente inventa uma desculpa pra se perder
A gente bem que tenta
Mas como é que se escapa da vontade que nos acorrenta?
Menina, como a gente escapa do amor que nos esquenta?
E no caminho dos olhos
O fim do túnel somos nós mesmos
Postado por Beto Renzo às 19:18 0 comentários
quinta-feira, 16 de julho de 2009
AQUILO ISTO
Que envelheça
Desbote e desça do alto das falsas certezas
O mundo automático das coisas
Do caráter medido no limite do cartão de crédito
Da catapulta que arremessa o peito contra os espinhos
O mundo gigante e fraco das mentiras com selo de garantia
Ali pensam que vivem os mortos-vivos
Tão bem nutridos de toda essa porcaria
Tiram da gaveta e vestem um sorriso antes de sair de casa
E juram que são aquilo que nada sabem
Aquilo que não os encontra de braços abertos quando voltam pra casa
Aquilo que se conquista ao entender-se conquistado
Aquilo que o dinheiro não paga
Aquilo que o sucesso desconhece o gosto
A fala
Aquilo
Isto que eu sinto
Quando teu coração acelera esperando que eu passe
Postado por Beto Renzo às 22:32 0 comentários
quarta-feira, 15 de julho de 2009
CHOVE BEM
O mundo segue feito um trem vazio
Aqui onde não pertenço a ninguém
O que se passa dentro de mim
Não escapa até você
Não é visível à tua retina
E pra você eu desapareço em algum lugar
Nem vê que vivo passeando dentro de você
Fez sol ou fez frio?
O que divide a linha dos copos de cerveja onde o silêncio é a certeza
Do muito que eu quero te dizer?
E o mundo segue feito um triste trem
Aqui onde não sou de ninguém
O que se consagra dentro de mim
É uma beleza que teu coração nem conseguia prever
Pensa que isso pode morrer?
Olha ali... Além da cortina do salão do teu bem estar de isopor
Sou eu a chuva que vem
Postado por Beto Renzo às 15:23 0 comentários