quinta-feira, 10 de novembro de 2011

POETAS NÃO VALEM NADA

Poetas não valem nada
Não acordam na hora certa
Não dormem durante a madrugada
Não sabem se comportar na ocasião exata

Falam o que pensam
São solitariamente mimados
Os anos não lhes pesam
Possuem corações desorbitados

Detestam relógios
Sonham com a mágica do acaso
Amam pra perder
Perdem pra saber se foi amor ou tempo jogado

Poetas não valem nada
Bebem demais
Habitam a sombra dos bares
O silêncio de suas ex-mulheres

Contam suas piadas alcoólicas
Rezam numa língua secreta
Dormem farrapos pela rua
Desnorteiam a séria vizinhança

São sonoros enquanto o bairro dorme
São quietos enquanto a engrenagem range
Sempre aqui e distantes
Sempre aqui e distantes

Poetas não valem nada
Não há como trancá-los dentro de casa
Não há como pôr suas almas na linha
Não há como domá-los

São precisos no que olham
São desagradáveis no que notam
E mesmo assim tão abomináveis
Algo em você adora não evitá-los

Poetas são corações acessos
E corações assim não se guardam numa gaiola

Um comentário:

AMADORA DAS ESCRITAS disse...

Que arraso!
Arrepiada!
Beijos!