quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Lá no fundo

Vendia um afago
Depois lavava a mão com detergente
A pele lisa de qualquer cicatriz
O peito intacto de qualquer paixão doente

Fervia a água
Bebia só duas xícaras de café por dia
A cama pronta na marca das oito
O sono isento de qualquer doce rebeldia

Mas lá no fundo um coração
E ele nem sabia
Que lá no fundo um coração fazia seus planos
Dos sonos perdidos
Dos porres e risos
Dos desencontros
Do amor doído
Dos amigos bobos e lindos

Tramava os tombos
Tramava as voltas por cima
A solidão dos poemas
A multidão das piadas
A confusão da existência
A Alma
A Alma
A Alma

Um comentário:

AMADORA DAS ESCRITAS disse...

Amo todos os teus poemas os multi desígnios que eles tem...Sempre que posso estou lendo.
Beijos!