quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Alto-falante

Quando eu invadia tua casa calado
Você me pedia que eu fosse embora
Eu arrombava quieto o seu rosto fechado
Eu te roubava sorrisos a qualquer hora

Não havia parede sem o meu traço
Não havia escuro sem minha história
Os retratos na estante vigiavam o meu passo
Os fantasmas do mundo temiam minha fúria

Ai de ti se zombasse da minha aventura
Quando eu invadia um planeta distante
Estendia meu olhar para a tua figura
E meus olhos eram o teu alto-falante

Quando eu invadia as tuas saudades
Você me pedia pra guardar teu segredo
Eu sabia do vento das tuas velhas tardes
Eu contava as estrelas tatuadas em teu dedo

Mas então sem aviso chegou o tempo
E você foi embora sem me avisar
Eu guardei minha alegria num velho trapo
Eu esquecia dos dias sem me importar

Mas então sem aviso a vida andou
Eu fiz do meu peito uma coisa errante
Agora eu vivo o que você me ensinou
Agora o olhar de alguém é meu alto-falante

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