sábado, 4 de março de 2017

A quarta e as cinzas

Eu mergulho meu tempo nesse terno cinzento
E me apego ao que possuo e que já perco
O pranto da vela endurecida nos meus dedos
A febre do som
Do vento
A taquara que não mais me atrai com algum segredo
As mordaças que tanto rompi
Ali
Estiradas no asfalto soturno
Banhadas pela lua
Veladas pelo sino rouco da mesma igreja


Eu mergulho meu tempo num café amargo
E arremesso meu corpo para as costas do jornal velho
O riso tolo engarrafado no atual silêncio
As noites de vida
De luz
A lembrança descabida que perturba o sono covarde
As janelas que eu perturbava
Aqui
Fechadas para todo o sempre
Lacradas por nós mesmos
Quando erroneamente pensamos que a vida não guardava mais segredos

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