Hoje e só por hoje
Aposento você de mim
Do quarto íntimo da minha alma
Apago teu nome das cartas
Das horas sem sono
Desarmo tuas vigarices de orgulho
Entendo que te falta o alívio do perdão
Esse teu medo de entender que sou o dono do teu coração
Que parta agora o meu olhar
Longe e sem dona
Sem memória
Sem a história
Os papéis rasgados feito meu peito
Os segundos inchados feito meus olhos
Hoje
Amanhã eu reservo de você um sonho novo
domingo, 28 de fevereiro de 2010
SONHO NOVO
Postado por Beto Renzo às 21:44 0 comentários
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
CANÇÃO DE NINAR DO PEITO OCO
Vá
Como alguém que caminha pelo ar
Tendo o telhado como o asfalto
E o céu como o teto do quarto
Será que sabe o que vai acontecer?
Será que sabe o que temos que perder pra ganhar o próprio coração?
Deixo o pedaço melhor do meu só pra você
Na vitrola que você não pôde ouvir
No sol da tarde de mil novecentos e oitenta e oito
O que procura em meu bolso?
Procure nos meus olhos
Vá
Como quem desvia de um olhar
Fazendo uma piada à mesa dos amigos
E guardando a lágrima pra hora de dormir
Será que me viu desgrudar as calçadas?
Será que me viu rabiscar uma casa com o tijolo que sobrava no quintal?
Abro mão do meu coração e te dou
Pra que preencha esse oco no seu peito
Pra que ele bata por nós dois... por mais um tempo
Postado por Beto Renzo às 12:13 1 comentários
domingo, 21 de fevereiro de 2010
BOTA O CHINELO (MARCHINHA)
Bota o chinelo Vininha
Que a gente vai passear
A lua diz que quase era minha
A tristeza que acabei de jogar
Bota o chinelo Vininha
Bota a voz pra cantar
Mesmo que a lágrima venha
A gente vai botar pra quebrar
Amor não é só ilusão
Meu peito não é só contra-mão
Bota o chinelo Vininha
Que a gente vai se esbaldar
Todo o céu dessa noite se assanha
Pois já foi o tempo de chorar
Postado por Beto Renzo às 21:52 2 comentários
sábado, 20 de fevereiro de 2010
AQUELE SONO
Tenho no bolso as portas de casa
E no peito uma fotografia
No riso uma saudade difusa
Nas mãos aquela alegria
Tenho nos olhos um baita abraço
E na boca o banquete da tua vontade
No corpo o teu alvoroço
Na voz a nossa saudade
E como é que me escapa?
Como é que você me escapa?
Devolva-me aquele sono.
Postado por Beto Renzo às 23:15 1 comentários
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
APANHAR É PRECISO
Está aqui e ali
Tão perto com seu odor de vida
Tão certo com seu sabor de bem
Mas essa gente faz que nem sente
Faz que nem desaprende das tortas palavras no manual dos tristes
Numa artrite de sentimentos que primeiro gela a alma
E depois mostra os dentes
Seguem elegantes e sorrindo
Numa revoada capenga
Que mergulha em câmera lenta
Até esborrachar cada um em si mesmo
Eu aqui e ali
Só apanho
Apanho pela coragem que ofereço
Pela risada de que me atrevo
Pelo amor fora de contexto que eu busco e juro um dia alcançar
Apanho
O coração remendado
Trapo de farrapo de meus batimentos
Mas todo alma
Intacta e bela
E assim
Fora dessa panela de medo
Ei de herdar enfim o meu simples e merecido aconchego
Postado por Beto Renzo às 02:27 1 comentários
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
AGUENTA
Aguenta que já vai amanhecer a quarta-feira
A gente se judiou a noite inteira
Eu tive até a tua mão
Eu tive até o teu olhar
Quando você partiu faltou também me levar
Aguenta
Aguenta que não demora mais
O beijo que a gente teimou em deixar pra depois
Postado por Beto Renzo às 17:29 0 comentários
NEM FICO
Já é a dobra da madrugada
Agora o que sobra daquele sol
É o cheiro de fel que levo no meu coração
Segue o seu jogo vão
Sua sacola cheia de não
Tudo pra mim
Tudo que um dia eu ei de botar um fim
Já é a sola das palavras
A gente fala agora o que a boca nega
E o olho pega e confessa o que a alma quer
Segue o seu jogo de doer
Seu abraço na contra-mão
Tudo pra mim
Tudo que um dia eu ei de botar um fim
Nem fico
Vou embora por aí se esse é o único jeito que tenho
Pra dizer que não esqueci
Já é a quina da vontade
Agora a saudade saiu pra cantar
Que o sol é o altar onde deixo flores pra você
Segue o que a gente vê
O que a gente prevê
Tudo pra mim
Tudo que um dia eu ei de botar um fim
Postado por Beto Renzo às 15:25 0 comentários
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
UM SANTO QUALQUER
Não perca o seu tempo em me esquecer
Siga quase bem
Diga bem alto que tudo é tão melhor
Que o sol dos teus dias ficou maior
E quando a noite chegar procure lá
E peça segredo aos teus olhos
Não gaste o seu tempo pra me esquecer
Seja quase alegre
Conte que a minha febre te deixou
Que minha imagem fluorescente te abandonou
E quando a noite chegar procure lá
E peça segredo aos teus olhos
Mas peça a um santo qualquer
Pra não me ver por aí
Pois nessa hora
Teus olhos hão de te trair
Teu peito há de sucumbir
E tremer
E querer
Tudo aquilo
Isso que você inventou ter fim
Postado por Beto Renzo às 15:16 0 comentários
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
É POR ISSO
O amor é maior que você
Maior que a tua casa
Que a tua rua
Que o teu bairro
É maior que a lua
Que o sistema solar
E teima só em morar no coração
Que cabe dentro de você
É por isso que dói
E é também por isso que algumas vezes somos pessoas melhores
Algumas vezes
Postado por Beto Renzo às 17:46 1 comentários
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
SURPRESA
Vi você
Estúpido e com medo
Estático e sem jeito
Contido num frasco de analgésico
Incabível dentro do seu peito
Sem a possibilidade de um dia morrer
Pois não estava vivendo
Vi você
Chorando tuas besteiras
Mimado de esmolas
Ilhado de olhos cheios de pólvora
Correto para o abate
Um sorriso de trocados
Mas pra minha surpresa
Em você o escuro que já quase parece posto
É digerido por uma nova manhã
Uma nova
Com ranhuras de respeito
Mas nova e bela
Que da janela do sol a vida atira-se para o teu colo
Teu novo peito confortado e confortável
E você deixa de ser algo
Esquece de ser alguém
E passa a ser alma
Postado por Beto Renzo às 00:35 1 comentários