quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

NOUTRAS

Algumas vezes tenho medo
Do sono súbito e a porta destrancada
Do porre selvagem no meio da gente
Da manhã cronometrada
De contar que ando descontente

Da resolução da insônia
Do terno amarrotado
Dos dígitos da minha conta bancária
Do trânsito engarrafado

Do que dizem de mim no trabalho
Da fotografia do radar
De que descubram que eu falho
Daquela velha cor do mar... que eu não vejo mais.

Algumas vezes tenho medo
Do que irão dizer do meu carro
Do corte do meu cabelo
Da marca do meu cigarro
Do meu sorriso amarelo

Das coisas finas do meu apartamento
Da esmola que me pedem
Da lista de presentes do meu casamento
Dos dias que aqui seguem

De estragar a peça do mostruário
Do inchaço de um terçol
Do oxigênio na água do aquário
Daquela velha cor do sol... que eu não vejo mais.

Tenho medo quando sou um homem sério
Pavor de mim
Pavor de minha alma
Tenho medo quando não percebo
Tua mão calma por aí

Algumas vezes tenho medo
Noutras sou maluco?

2 comentários:

Edilson Cravo disse...

O medo é um sentimento inerente ao Homem, desde que a humanidade é a humanidade o medo a persegue e é preciso aprender a conviver com ele e suas variadas vertentes. Abraços.

AMADORA DAS ESCRITAS disse...

O medo é a estratégia para vencer o grandes desafios,dentre os maiores estão as respostas para as perguntas que nunca calam.
Sempre questionadores e encantadores teus poemas.
E deixam no ar,um banho de poesia.
Te amo!