Quase noite de mim já
Eles assim amontoados com os punhos fechados
Os donos de tudo que amanhã nem existe mais
As faces com a mesma incerteza
Os corações murchos
O cadeado das desculpas confortáveis
O medo de ser gente que está em moda
A alma trancada
Onde sou um ladrão a desfrutar do frio desse cofre
Sou um vadio na boca dessas futilidades
Quase noite de mim já
Alguém assim sem jeito como dizem as marionetes
As folhas doentes que o jornal podre tosse
A multidão de crentes que pequeninamente se envaidece
Uma salva à sala das copas lustradas
A vida como um esporte
O sexo como um esporte
A família como um esporte
A informação como um esporte
O amor como um esporte
Seria uma lápide dourada o prêmio pra tanta falta de humanidade?
Seria a fortuna tão leve de se levar pra lá?
Lá... logo lá.
Eu me despeço
Meu pranto e meu riso
Quando sou tragédia
Quando sou piada
Sem paciência pra quem nunca diz realmente nada
E já é quase noite de mim
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