terça-feira, 22 de junho de 2010

CARECER

Nestas que me ofereces eu vou me manter em paz
Silêncio e distância
Careço, careço sim
Mas não do que julgam teus números na ponta de uma caneta
Teu peito de pés inchados e asas atrofiadas
Teu infame discurso de soprar veneno
Tuas frases fedorentas

Careço do que não se inventa
Do que não se atentam os dedos enquanto trepam com as cédulas
Do que não existe na particular comodidate de uma vida muito bem avaliada
O descaso com culpa para o vento
A âncora onde se amarram os beijos... as noites verdadeiras...
Pra que morram nessa geleira escura que adorna teu peito

Careço do que tu careces
E que apesar das minhas chulas preces
Negamos um ao outro com a tranquilidade dos mortos

Nenhum comentário: