segunda-feira, 9 de maio de 2011

AS LUAS DA MEIRA JUNIOR

E isso acontecia bem ali quando os olhos se fechavam
O anjo vagabundo avisava quando suas asas já balançavam:
Cuidado com a falta de ar, meninos e meninas!
Cuidado com a falta de vida que irão te oferecer em tantas esquinas!

Assim começava aquilo que fez do meu peito um sol de torrar ilusão
Aquilo que fez-me esquecer o caminho de volta ao chão
E foram tantos tombos
E foram tantos rombos nos bolsos de minha alma
Mas as moedas de luz brotavam feito gotas de chuva que desciam do meu céu

Havia eu
O réu maior do mundo
O pupilo febril daquele anjo vagabundo
Selvagem e sem dó
Derrubava as cercas do olhar do caduco vigia
As noites quando a Meira Junior engolia todos os lugares possíveis
O cheiro de papelão queimado
O silêncio desacanhado
A ciranda dos fantasmas:
Beto! Beto! Não esqueça da nossa história.
Não perca a doçura da fúria
Não endureça a alma como eles fazem sorrindo.

E foram tantos tombos
E foram tantos rombos no país dos meus olhos
Mas no jardim cresciam as minhas rosas
Que voavam como um presente
Sempre e sempre pra certa e futura pessoa errada

Havia eu
E um véu que cobria as perguntas
As placas
As faces ocas
Pare! Não ultrapasse!

O réu maior do mundo
O quintal fundo das minhas saudades
Onde diante da boca de concreto que vivia de mastigar idéias
Meu amor vinha
Com sua capa e sua insígnia
A lua
A rua onde eu esperava alguém me alcançar um dia.

2 comentários:

quem é Tati ? disse...

os escritos são tocantes, mas gostei mesmo dos ajuleijos.. negro intensos.. lindo seu espaço

Beto Renzo disse...

O intenso é bom... obrigado.