Se eu fosse mais moço que a lua
Eu saberia do mundo
Eu saberia alimentar todo o mar
Com isso do meu rosto
Se eu fosse tão louco quanto o céu
Eu viveria no teu armário
Eu esconderia os encantos do dia
Embaixo do meu chapéu azul
Vou girar enquanto esqueço
Até cair de bêbado
Até que eu obedeça meu coração
Até lá a gente se vê
Para um sim ou para um não
Se eu fosse mais moço que a lua
Eu guardaria as ruas
Eu guardaria essa doce estima
No bolso do meu paletó
Vou girar enquanto esqueço
Até voar de bêbado
Das quinquilharias do meu coração
Até lá a gente se vê
Pra um sim
O que mais então?
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
QUINQUILHARIAS
Postado por Beto Renzo às 19:59 2 comentários
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
E DEPOIS
Vem sem medo de doer
Está tão longe de nós qualquer falsa razão
A noite chegou
Vamos nos engolir dentro da escuridão
Vem sem medo de acabar
Está tão bom agora que estamos à vontade
A lua brotou
Eu só quero te dar o meu coração
E depois...
Vem sem medo de rir
Já ventou sobre o nosso colchão
A porta fechou
Vamos caber num só lado da cama
Vem sem medo de amanhã
Está tão lúcido o sonho que nos estende a mão
O olho fechou
Eu só quero te dar o meu coração
E depois...
E depois...
Postado por Beto Renzo às 16:26 0 comentários
JAMAIS ESQUECER
Um dia lá onde eu sempre vou
O gosto então vai clarear
O riso então vai levantar da cama e passear em mim
Um dia lá onde eu sempre vou
O choro vai sossegar
Vai sentar-se ao céu pra sonhar o que vem de bom amanhã
E descida nesta cidade
Você vai se perguntar por que dobram o dorso das flores quando o vento passa
Você vai arriar tua alma das pernas pra assim me buscar
Aqui onde eu sempre vou
Eu vou te esperar
Um dia lá onde eu sempre vou
A mão então vai equalizar
A juventude e a idade sentarão juntas no mesmo lugar
Um dia lá onde eu sempre vou
A chuva vai sossegar
Deixa brotar o que eu guardei no teu coração
Deixa brotar o que eu guardei no teu coração
E descida nesta cidade
Você vai saber do que eu vivia louco pra confessar naqueles dias de confusão
Você vai arriar tua alma das pernas pra assim me lembrar
E eu jamais vou esquecer
Postado por Beto Renzo às 10:29 0 comentários
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
QUANDO EU POSSO COMEÇAR
Mais um sorriso ao fim do dia
Mais uma luz pra se apagar
Mais um filme bem baixinho
Mais uma pílula pra dormir
E amanhã também
Amanhã também
Mais uma noite de quinta
Mais um trago de pinga
Mais uma bossa pra cantar
Mais uma saudade pra chorar
Mais uma festa pra fingir
Mais uma menina pra beijar
Mais uma vez voltar pra casa
Mais uma pílula antes de deitar
E amanhã também
Amanhã também
Mais um feriado e estamos aí
Mais um trago noutro bar
Mais um porre no carnaval
Mais uma quarta-feira pra dormir
Mais um dia numa sala qualquer
Mais um tapinha nas minhas costas
Mais um café às nove da manhã
Mais uma vontade de cair no colo dela
E amanhã também
Amanhã também
Se um riso pode resolver
Me conta quando é que eu posso começar
Postado por Beto Renzo às 12:41 4 comentários
TÉDIO
O que te emenda
O que te tira o sono
O que te liberta da mesquinhez do anúncio?
O que te acalma
O que te ganha
O que te falta quando o dia acaba na tua cama?
O mundo todo dopado da luz da TV
Vagalumes parados esperando a licença pra morrer
O polegar para um amigo
O anular para aquele anel
O indicador primeiro
E o médio pra dizer adeus de tudo isso
Postado por Beto Renzo às 11:38 0 comentários
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
QUALQUER DIA
Qualquer dia um pedaço de riso
Um sopro de alívio logo após a placa de aviso
Qualquer dia um espasmo num livro
Um comprimido pra sorrir na canção que eu lavro
Qualquer dia um centavo esquecido
Um abraço guardado no armário e o seu juízo ácido
Qualquer dia eu lhe digo o que o seu peito já sabe
Qualquer hora eu minto menos do que eu preciso neste lugar
Qualquer dia um sonho lotado
Um vapor que vai subindo de um copo cansado
Qualquer dia um olá sem convite
Uma parede tatuada com meu nome em grafite
Qualquer dia um sereno abandono
Um cobertor onde a manhã esquece de seu dono
Qualquer dia eu lhe digo o que o seu peito já sabe
Qualquer hora eu minto menos do que eu preciso neste lugar
Qualquer dia eu nos teus olhos
Um pouco da chuva passada pendurada nuns galhos
Qualquer dia a gente podia
O pulmão do vento bombeando o que já não doía
Qualquer dia quem diria
No final de dezembro alguém nos sorria
Qualquer dia eu penso se pra isso tem jeito
Qualquer dia eu penso se pra gente tem jeito
Postado por Beto Renzo às 18:55 0 comentários
EU QUERO SABER
Passeava ali
Sem nada pra querer
No céu eu via um fim
O mundo era pra mim
Mas o que foi você fazer?
Passeava ali
Sem nada pra perder
De dia eu cantava
De noite eu gargalhava
Mas o que foi você fazer?
Passeava ali
Dormia feito um nenê
O sol pra mim sorria
A lua não me conhecia
Mas o que foi você fazer?
O céu nem tem mais fim
O mundo roubaste de mim
O dia me esqueceu
A noite me bebeu
O sol nem mais me vê
A lua só fala de você
Por que é que você foi isso fazer?
Conta que eu quero saber
Postado por Beto Renzo às 16:38 1 comentários
FESTA NO CEMITÉRIO
E assim
Meu corpo em pé
Rígido no meio desta ruidosa sala
Essa gente morta que pensa estar vivendo
O coração se jogando no abismo
Todo dia
Na hora certa
Com cinco minutos de perdão para qualquer atraso
E assim
Meu olhar aqui
Disperso nos olhos deles
Esperando que um dia acordem da pane
O pesadelo cheiroso e sereno
No talão
No shopping
Enquanto pagam a alma com seus cartões de crédito
Postado por Beto Renzo às 13:03 0 comentários
domingo, 13 de dezembro de 2009
TUDO
A brisa que te beija
O olhar das estrelas
Nem perto pra gente pegar
Nem longe pra gente esquecer
O café de um agora
O tecido sem calor do sofá da sala
Uma bala
Uma fala que a gente ainda pode usar
O mar quieto
O caramujo que lambe a rocha
Nada que eu diga agora
E tudo
E longe
E muito
E tudo que os que dormem talvez levem embora
Postado por Beto Renzo às 04:16 2 comentários
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
NESTA MANHÃ
Fechou o tempo
As gotas flutuam com o vento
Molham os cabelos
Os ombros
Os segredos que a praça escutou
O tempo fechou
As crianças não mais em fila na escola
As mentiras brilham em pixels
A solidão ludibria em tela plana
E onde foi rolar aquele anel de ouro?
O tempo fechou
O peito espreita seu dono antes de dar-lhe o devido socorro
Fechou o tempo
As gotas passeiam feito borboletas
Enferrujam os portões
Os faróis
Os pensamentos que o balcão guardou
O tempo fechou
A saudade viaja o centro numa sacola
As mentiras afiam seus pentes
A solidão habita um teco de silício
E onde foi parar aquele anel de ouro?
Foi o anel
Ou nossos dedos que se perderam?
Postado por Beto Renzo às 09:04 0 comentários
UM FINO
Ah que nem sabe de mim
Essa sim que me quer mas esconde
Guarda bem quieta esse onde
Onde? Onde?
Quando?
Sobre a sua cabeça eu me deixo voando
Num fino
Num canto só meu onde eu atino com Deus
Ah que nem sabe mim
Há que me levar assim
Sempre bem posto doido e esquecido dentro do seu peito
Postado por Beto Renzo às 00:49 1 comentários
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
ELA SORRIA
Afogo os olhos num fundo preto de café
Do tempo agora eu perco a chave
A vida é sempre a mesma tarde de oitenta e nove
A vida é sempre a festa nos teus olhos tristes
Atolo o peito num cheiro verde de cloro
Do chão agora eu perco o passo
A vida é só a mesma risada perto das onze horas
A vida é só toda a saudade que não cabe nas cartas
Isso aí vai passar
Feito as costas do sol
Feito os seios da lua
Feito essa luz calma e muda
Que sopra o machucado sem a gente perceber
Vai passar
Avanço a mão sobre um pensamento
A maciez nula de quem partiu
A vida é sempre a mesma chave perto da porta
A vida é sempre a nitidez no teu barulho
Adianto a alma pra depois das onze horas
O coração queimando gasolina
A vida é sempre tanta hora antes do fim
A vida é sempre o que está entre o não e o sim
E se mesmo assim faltava algo dentro de mim
Naquela hora Ela sorria
Postado por Beto Renzo às 19:07 0 comentários