quarta-feira, 13 de julho de 2011

A CASA

Agora me debruço sobre isso que não entendo mas que me pertence
Esse tempo onde as flores movem seus pescoços procurando seu senhor
Esse templo onde as crianças correm enquanto dormem longe de seus monstros

No abandono das coisas
No telhado do corpo
Onde então a alma nos toma de nossa própria ignorância
Onde não nos machucam os mesquinhos olhos

A casa onde me abandono do meu pior
A pílula da boa ventura
A febre de um amor onde eu amanheço

E não se engane
Não tenho casa em bairro algum
Minha moradia é a brecha que descuidas nesse teu coração

Agora me livro da roupa de que se valem a canalha do salão
Essa luz que me mastiga sem que me tenha dor nem traição
Essa estrada que se estende para além do que conhece tua tosca imaginação

Na torre das ideias
Na lembrança dócil
Onde os fantasmas descansam ao som da nossa ressonância
Onde não nos alcançam as agudas mãos

O fim de tarde onde te descubro linda
O olhar que não se finge
O sexo do amor do qual me abasteço

E não se engane
Não pretendo contar o teu dinheiro
Guardo apenas o gemido dos teus gozos

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