segunda-feira, 18 de julho de 2011

PASSOU

Passou
E foi você quem apagou a luz primeiro
Quem fechou a janela
Quem esvaziou teu lado do armário
Quem soprou a chama da vela

Quem esfriou a cama onde a gente dormia
Soltou os cachorros em mim
Pra ver o quanto tua recusa me doía

Passou
E foi você quem cuspiu no meu nome
Quem botou na ponta do lápis
Quem fez meu olhar passar fome
Quem rasgou o poema que eu fiz

Quem listou os meus defeitos tão bem
Comprou um bilhete só de ida
E botou minha alegria num trem

Quem se pintou de fevereiro
Quem disse “me esquece e some”
E fui guardar o teu nome na chama do meu isqueiro

Agora não entendo direito
Não entendo teu jeito tão atencioso assim

Segui por aí pelo mundo
Me tornei um vagabundo
Figura de botequim

E agora que meu peito tá quieto
Vem assim tão sem jeito
Dizer que sente saudades de mim
...

4 comentários:

Beto Renzo disse...

Estranho... eu preferiria não ter motivo pra escrever isso... sei lá.

Jnane [arcadefogo] disse...

Eu preferiria não ter motivo pra sentir isso, rs.
Mas esse vai e vem danado da vida, as vezes é um saco.
"...e fui guardar o teu nome na chama do meu isqueiro." Ardeu,rs.
Lindo, de linhas e cor.
Luz, um xêro.

Monstrinha disse...

O mundo da voltas mesmo!!

Esse seu poema esta cheio de metaforas muito bem construidas e versos deliciosos!

Meu preferido: "Comprou um bilhete de só ida
E botou minha alegria num trem"

Parabens! Acho que a melhor coisa num texto e quando a sinceridade e a inspiracao encontram o talento.

Beto Renzo disse...

E alguns copos de cerveja também. :)