terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A DO MEIO

Havia a menina
A escadaria emburrada
A sala com enxaqueca
Os corredores cardíacos
Os pisos congelados
As cortinas frígidas
A gente e a casa vazia
Mas no fio de brilho
Havia a menina

A tapeçaria estressada
A copa viúva das manhãs
A louça sem maquiagem
Os terços sonolentos
Os lenços mal educados
As paredes com artrite
A varanda manguaçada
Mas no fio de brilho
Havia a menina

Na campainha rouca
Na escrivaninha corcunda
Os armários carrancudos
Os assoalhos divorciados
A gente e a casa vazia
A gente e a casa maluca
A gente e a casa que nunca
E nunca de ver que naquela brutalidade burra
Vivia uma leveza ruiva
Pois no fio do brilho
Havia a menina

Nenhum comentário: