segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A MADRUGADA QUE EU DOU DE PRESENTE

Vago na bruma do apartamento
A hora escorreu pelas calhas
Embebedou-se e não deu as caras
Os tacos em retângulos brotam pelo chão
Um enxame de estrelas vem dormir na minha mão
Vão-se os fantasmas dançar no firmamento

Largo no céu hoje o riso do meu coração
Sobem até aqui os contos do paralelepípedo
Escapa das árvores um cochicho ávido
No jardim do museu a quadrilha das flores se contorce
A água esverdeada engole as gostas que a chuva tosse
Fosse a calma uma almofada despida de ilusão

Segue ela
A sua espera é uma carta com letras de fogo
Que confessa
Nem mirrada nem espessa
A manhã tóxica que não engasgo
Feito que um fantasma agora eu também sou

Eu também vou
Pela janela meus olhos feito borboletas
Caçam a moça visitando portas
Frestas
Ruas secretas
Ela em seu sono nem pressente
A madrugada que eu dou de presente

Faço a festa no dorso do apartamento
O vapor do café escapa
Sobe as escadas do ar da sala
Na fotografia as cores já roncam o seu sono
Quinze andares abaixo um carro espera seu dono
Pleno de si o silêncio trinca-se no soluço de uma moto

Segue ela
O meu rosto é o que teima seu olhar caprichoso
Que suporta
Que è a derrota
Da manhã tóxica que não uso
Feito que um fantasma agora eu também sou

Eu também vou
Pela janela meus olhos
Meus braços e ombros
Minha alma que deságua
E ela em seu sono nem pressente
A madrugada que eu dou de presente

Um comentário:

Viviane disse...

E não é q vc escreve bem?
Excelentes poesias. Parabéns. Voltarei mais vezes ao boteco.