O que faz enquanto passeia por aí?
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
HOJE EU TE PERDOO
O que faz enquanto passeia por aí?
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quinta-feira, 21 de outubro de 2010
TOLICE
Ali na curva
Onde a ciranda da cabeça cantarolava
Girava tirando do meu peito com tua mão delicada mas justa
Cada passo atrás de minhas costas que hoje desenham a cama em que me deito
Ali comigo
Onde ontem do incerto eu duvidava
Tombava agora qualquer certeza que na lágrima fora forjada
E num compasso um riso novo floria de luz todo o jardim da minha mesma cara
E fique surpresa
Numa forte simplicidade exata
Neste secreto conforto eu não teria porque te esconder
Mesmo depois do teu murro na boca do estômago dos meus sonhos
Eu sou ainda capaz de dizer-te: Te amo... mesmo que tua tolice queira te levar embora.
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sábado, 18 de setembro de 2010
QUE SEJA
Mas é sempre o teu rebelde juízo
O cabelo, a voz, a boca num arco
Teu sorriso
É tão perto e tão secreto
Na manhã absurda
Na lágrima catapulta
A vigília
O barulho do sol subindo
Falando comigo
Cobrando o que eu não digo
E que não te confesso
Mas é sempre o gozo de tua mão
Os olhos, as ancas, as sardas
Teu coração
É tão perto e tão secreto
Na tarde que boceja
No céu que amarela
O crepúsculo
O céu perdido comigo
Falando pra mim
Lembrando o que eu não esqueço
E que não te confesso
Mas é sempre teu doce deserto
O colo, o peito, o quero
Teu busto
É tão perto e tão secreto
Palavra desafogada da minha solidão
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segunda-feira, 13 de setembro de 2010
ENQUANTO ISSO
Mesmo que pareça sem jeito
Mesmo que padeça aquele nosso tempo numa memória amarelada
Esse desejo sem explicação
Essa peito na contra-mão da lógica ditada
A voz acanhada
O amor espremido em nossas gargantas terá sua hora de voar
Terá sua vez de arrombar todo o coração
Mesmo que a chave se perca
Mesmo que suave seja a prisão onde a gente despenca da gente
Essa única graça
Esse fenômeno que caça o sono nosso
O medo nosso
O amor marginal que jogamos no fundo da vida terá justiça
Terá sua vez de perdoar nossas mentiras
Mesmo que pareça sem jeito
Mesmo que seja impossível nesse segundo apenas onde penso
Mesmo que a minha desculpa agora pareça vadia
Minha boca e tua
Nossos olhos colados e bom dia
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quarta-feira, 1 de setembro de 2010
QUANTO TEMPO
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quarta-feira, 25 de agosto de 2010
E PRONTO
Depois da chuva feia que tua boca soprou
Onde na estrada da vida meu coração capotou
Derrapou em tuas mentiras
Estraçalhou quem eu sou no muro dos teus olhos
Voltei rindo
Depois da seca dura que tua boca pariu
Onde no chão da vida meu coração morreu
Bebeu da tua lágrima de cicuta
Endureceu quem eu sou no solo árido dos teus olhos
Nem te condeno à semelhante absurdo
Nem dilúvio
Nem veneno
Nisso tudo
Quem sabe até um...
Não, isso não
Ainda não
Apenas quero o que já tenho
Agora ganho a estrada e já vou indo
Até que descubras por que tenho andado rindo
E pronto.
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terça-feira, 20 de julho de 2010
E QUE O MUNDO ME OUÇA
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quarta-feira, 14 de julho de 2010
NA RUA
Na rua uma gente formigueiro a se cutucar
Queixo preso aos pés nem percebe o luar
Que eu finjo que foi presente meu pra nós
Quando você finge que está muito longe pra eu te apanhar
Na rua hora só buzina a se masturbar
Hora o silêncio a cantarolar
Todos os segredos que cada um esconde de si
Bem que podia abrir a porta e ser você a rir
Um terno amargo fedendo lorota
O pneu opaco lambendo a poça
Nossa...
Olha a casca banguela daquele estrela caída sorrindo pra nós!
O céu de nós
O véu que cerca toda a tua boca flor
Meu céu de luz
Meu copo americano
Abajur cruz do meu amor!
Na rua vento lança cega a me acertar
Olho de porta fechada para o meu olhar
Nem percebe todo meu ouro do lado direito
E eu penso que é meu defeito não querer explicar
Treme a calçada o metrô embaixo
Treme na calçada a pele descalça de algum abraço
O céu de nós
O véu que tranca todo teu corpo calor
Meu céu depois
Meu copo americano
Confessionário do meu amor!
Postado por Beto Renzo às 00:23 0 comentários
terça-feira, 13 de julho de 2010
JOGO
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domingo, 11 de julho de 2010
FEITO VOCÊ
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quarta-feira, 30 de junho de 2010
A CAMA E O SALÃO
No salão despenca suave a poeria agora
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sexta-feira, 25 de junho de 2010
SONHO VIGARISTA
Amarrei minha sorte à saia de um sonho leve
Eu sabia do riso
Sabia dos olhares da lua
Meu corpo entregue e meu peito sempre na rua esperando o fogo daquela hora
Num nome a febre mais deliciosa
No peito o que nem a morte devora
Mas veja só como se dar é mesmo algo tão singular
O sonho nem era sonho
Fez-me um estranho à minha própria vista
Um fantasma vigarista
Que disse do fundo do seu coração vermelho me amar
Mas quando acreditei nunca mais tive coração para dar
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terça-feira, 22 de junho de 2010
CARECER
Nestas que me ofereces eu vou me manter em paz
Silêncio e distância
Careço, careço sim
Mas não do que julgam teus números na ponta de uma caneta
Teu peito de pés inchados e asas atrofiadas
Teu infame discurso de soprar veneno
Tuas frases fedorentas
Careço do que não se inventa
Do que não se atentam os dedos enquanto trepam com as cédulas
Do que não existe na particular comodidate de uma vida muito bem avaliada
O descaso com culpa para o vento
A âncora onde se amarram os beijos... as noites verdadeiras...
Pra que morram nessa geleira escura que adorna teu peito
Careço do que tu careces
E que apesar das minhas chulas preces
Negamos um ao outro com a tranquilidade dos mortos
Postado por Beto Renzo às 18:42 0 comentários
segunda-feira, 21 de junho de 2010
DANADA
Fique quieto e calmo
Não gaste farpas de palavras com esses
Nem querem saber de você na casa das almas engomadas
Nem querem saber de você na prisão onde a canção escapa
Linda e viva
Pois já é livre feito que é a roupa de tua alma
Nem podem saber de você pois eles nem sabem que existe tanto mais que dos olhos escapa
E que existe uma beleza fértil e sem preço
Sem desconto de 10%
Então calma
Nem querem saber de você
E isso é uma puta sorte danada!
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terça-feira, 15 de junho de 2010
NOSSO TEMPO
O que será que pensam de nós os bilhetes esquecidos pelas gavetas?
Será que dança sobre a pia o copo quando eu ainda não voltei pra casa?
Quando a minha estrada é o nível amarelo de um copo de cachaça
Que uso feito uma borracha pra apagar teu nome dentro de mim
Será que riem ou que choram as estrelas quando falo sozinho minhas doideiras?
Quando eu canto baixinho essa tristeza
Quando eu subo pelas escadas os andares do meu peito
Andar por andar
Tantas portas fechadas e apenas a mesma chave
E você sabe
Ah, você sabe
O que será que pensam de nós os confetes amanhecidos da quarta-feira?
Será que sussuram a nossa vida às serpentinas aterrizadas na sarjeta?
Quando a minha casa é teu sorriso fotografado naquele tempo
Picado em pedaços soltos nalgum vento mas todo inteiro aqui dentro
Será que você me vigia pra garantir que eu não escapo do teu esquecimento
Ou me guarda com afinco pra lembrar que deve me esquecer um dia desses...
Antes do fim do nosso tempo?
Postado por Beto Renzo às 22:27 0 comentários
quarta-feira, 9 de junho de 2010
AS COISAS NO LUGAR
Chego inteiro em teu olhar
Chego pra pôr as coisas no lugar
Chego e de tanto eu te sacar você aperta teus olhos
Pra saber que estou em teu quadril
Em tua nuca nua
Na rodovia de tuas costas
O conforto de tuas ancas
Tuas nádegas se debatendo em mim
Você aperta teus olhos pra saber que do teu coração eu jamais fugi
Postado por Beto Renzo às 15:28 2 comentários
segunda-feira, 31 de maio de 2010
ASSIM SERENO
Aqui e hoje
Um espectro vivo
Vagando naquela noite
Naquelas horas onde se calaram os ruídos
Onde testemunharam as estrelas e o concreto suado de garoa
Cada olhar e cada sorriso
Lembra você também disso?
Da mão chamando a outra pela primeira vez a correr pela vida
E a desculpa lacrimogênea
E a vontade de mais
E tão mais do que cabia dentro da gente
Aqui e hoje
E amanhã quando?
Que bom que eu ainda acredito
Assim tão secretamente ávido
Assim sereno
Assim contra o mundo todo
Assim de bem comigo
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quarta-feira, 19 de maio de 2010
NÃO MANDO FLORES
Não mando flores
Não telefono
Não te abraço se a noite é fria
Não abro a porta
Nem olho torto
O tamanho curto da tua saia
Do que então reclamo?
O que então eu quero se o que te dou você nem vê?
Meu sono tosco
Noites em claro
Olhos parados numa xícara de café
O meu silêncio
Aquela lágrima
Quando a canção me faz lembrar de você
Não trago agrados
Nem mesmo percebo
Do teu cabelo se perguntas pra mim
Não comprei o anel
Fiquei calado
Quando aqui dentro eu dizia sim
Do que então reclamo?
Sei que nem faz ideia do que você carrega por aí
Meu peito todo
Meu peito quase
Meu peito solto que vai sem eu pedir
Meu peito tolo
Meu peito viúvo
Meu peito triste já que você não está mais por aqui
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domingo, 2 de maio de 2010
INTENÇÃO
Não tenho a intenção de viver mais do que me caiba viver
Não quero mais do que preciso
Não tenho medo do ponto exato
Da alegria exata sem exagero
Não tenho a intenção de agradar fora do meu jeito
Não quero nada além do que mereço
Não tenho anseio pelo demais
Pela bajulação cheia de dedos
Não tenho a intenção de viver pelo dinheiro
Não quero nada além do que preciso
Não tenho a febre do ouro bêbado
Da solidão taciturna de um diamante no porta-jóias
Não tenho a intenção de te esquecer
Mesmo que doa em mim e só em mim
Pois a você desejo que a vida a tenha como a filha preferida
Uma loteria de alegria todinha pra você
Não tenho a intenção de desaparecer do teu pensamento
Não vou desabitar teu peito ranheta
Não me acanho com tua teimosia
Tua mania de guardar o que eu já peguei pra mim
Não tenho a intenção de ser o homem que você sonhava
Mas tenho a certeza de ser o homem que você nem imaginava
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sexta-feira, 30 de abril de 2010
ME DEIXE
Não passe a tempo de me guardar da chuva enquanto sol
Do frio enquanto calor
Do jeito falso indiferente com que cruzo as pessoas na rua
Pode ser esse brilho em mim a tua assinatura?
Não passe a tempo de me salvar da solidão enquanto escola
Do silêncio enquanto música
Da chama dura que se guarda pra aquecer a tua vida
Pode ser esse brilho em mim a tua assinatura?
Não passe a tempo de me salvar do choro enquanto vida
Da saudade enquanto aceite
Do que foi a minha vida ali há pouco... ainda meu maior tesouro
Nem se preocupe com o que se ocupa em tentar me cercar
São fios de vozes caquéticos
Assombros capengas
Fantasmas farrapos de uma raiva covarde que jamais me assusta
Pra você, mesmo que reste um nunca à nossas mãos noutra hora juntas
O meu profundo Amor, meu Bem
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quinta-feira, 8 de abril de 2010
NEM VEM QUE EU NEM SEI
Nem vem você
Que hoje eu nem vou me dar assim tão cego
Eu pego meus cacos e vou pra lá
O que dizer
Se o que queres resgatar de mim hoje eu nego?
Eu sigo a estrada que acaba em tua língua
Eu rio a melancolia da tua pinga
Nem vem você
Que hoje eu nem tenho uma mentira pra dizer
Fui benzer umas datas do calendário
O que perder
Se deixei tudo que é de mim em teu peito?
Eu vivo a prévia da ressaca que te espera
Eu morro a mentira que você berra
Que flor assim tão singular
Vive tanto tempo sem alguém pra vigiar?
Que dor assim tão devagar
Passa tão serena sem alguém pra consolar?
Nem vem você
Que hoje eu vou me lambuzar do teu veneno
Eu dano a lógica da canalha
O que dizer?
O que jogar fora do porão das nossas coisas?
Eu vendo caro duas sílabas semi-usadas
Eu deixo meu nome murmurando em tuas calçadas
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sexta-feira, 19 de março de 2010
ATÉ LÁ
Até lá ainda vai acontecer no meu rosto
Uma chuva qualquer num outono
O músculo engrenado num pranto ou num riso
A cor da saudade daquela menina
A calmaria dos sonos desordenados com o relógio do dia
Até lá ainda vai me acompanhar por aí
Uma lua que sopra o que os loucos ouvem
A doçura que falta no que os covardes escolhem
O ponto final de toda mentira
O descaso afinal que flutua acima dessa vida impostora
Até lá
Eu serei menos o que nem sou
O que nunca fui
O que nunca estou
Quando na curva de um conselho eu me abasteço de outro valor
Até lá um dia dirão tudo que eu ousei dizer
Dirão que eu morri de tanto o meu coração bater
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segunda-feira, 15 de março de 2010
TUDO É BOM
Não
Você não vai rolar pelas escadas do teu coração
Você não vai sempre passear de mãos dadas à essa solidão
Beber sempre esse copo de Não... não
E se o melhor foi a hora perdida?
O vagão lotado
Um desencontro na saída
O trânsito parado
O telefone mudo
O abraço absurdo que a campainha não berrou
E se o melhor foi a data esquecida?
O caminho trocado
Uma outra avenida
O celular roubado
O endereço trocado
O email apagado que alguém um dia enviou
Um dia
Que dia?
Quem diria haver tanta vontade em quatro letras unidas?
Não
Você não vai rolar pelas escadas do teu coração
Alguma hora da vida tudo é bom
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quarta-feira, 10 de março de 2010
O ALCOUCE DAS BRUXAS
Cantam afinadas deitadas sobre o meu peito
As bruxas que me adotam
Que me aceitam sem fantasia
Belas e gostosas
Visitam minha vida
Minha alma e minha história
Quando a cachaça doce e fluorescente
Beija a minha boca afiada mas calma
Vão elas tão lindas
Tão soltas e sábias
Sem roupa
Sem profissão
Sem cartão de crédito
Sem o carimbo medonho do falso sucesso
Me dão seus peitos fartos
Suas coxas vivas
Suas bundas certas
Seus braços aflitos
E eu aqui
Vivo e descanso
Na secreta e suculenta paz desses lábios
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terça-feira, 9 de março de 2010
TEM MAIS
Vou para o meu lugar
Afastado agora de você
Vencido pela tua revoada de não
Vou sair daqui
Do teu chão comportado
Subsolo da minha alegria
Aquela que te dei aquele dia
De mãos dadas
Enquanto nossas passadas venciam a multidão
Venciam as distâncias das nossas possibilidades
Vou para o meu lugar
Alto como meu coração gosta de respirar
Ar rarefeito de vozes matemáticas
De contas e anúncios da televisão
Onde eu sonho o que vivo
Pois a minha vida é a minha maior invenção
Tem mais de nós por aí
Tem mais de mim em você do que só o espaço que eu ocupava naquele colchão
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segunda-feira, 1 de março de 2010
PERCEPÇÃO
Hoje desapareci dos espelhos
Dos olhos e das vitrines
O vento não me achou
A chuva não me molhou
O sol... onde mesmo eu fui deixar
Quem é esse que vive do outro lado do meu olhar?
O lado de dentro
Quem é esse que não consigo medir com as réguas de que se valem toda a canalha?
Esse que quando vai eu sigo
Esse que quando dói eu choro
Que quando cai eu me machuco
Que quando ama eu flutuo sobre esse mesmo mundo anunciando que meu coração já tirou o sol do castigo
E hoje ele já vai brincar fora de casa
Postado por Beto Renzo às 23:02 0 comentários
E SE
E se fosse loucura?
Isso aqui
Bem aqui comigo
Levitando meu corpo ao redor do mundo
Tornando o meu peito um lugar distante
Brilhante e fundo
E se fosse loucura deixar assim ir embora?
Sem espernear
Sem berrar
Tão triste e tão calmo
E se fosse loucura eu teria o seu perdão
Mas é amor
E amor você não perdoa
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domingo, 28 de fevereiro de 2010
SONHO NOVO
Hoje e só por hoje
Aposento você de mim
Do quarto íntimo da minha alma
Apago teu nome das cartas
Das horas sem sono
Desarmo tuas vigarices de orgulho
Entendo que te falta o alívio do perdão
Esse teu medo de entender que sou o dono do teu coração
Que parta agora o meu olhar
Longe e sem dona
Sem memória
Sem a história
Os papéis rasgados feito meu peito
Os segundos inchados feito meus olhos
Hoje
Amanhã eu reservo de você um sonho novo
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
CANÇÃO DE NINAR DO PEITO OCO
Vá
Como alguém que caminha pelo ar
Tendo o telhado como o asfalto
E o céu como o teto do quarto
Será que sabe o que vai acontecer?
Será que sabe o que temos que perder pra ganhar o próprio coração?
Deixo o pedaço melhor do meu só pra você
Na vitrola que você não pôde ouvir
No sol da tarde de mil novecentos e oitenta e oito
O que procura em meu bolso?
Procure nos meus olhos
Vá
Como quem desvia de um olhar
Fazendo uma piada à mesa dos amigos
E guardando a lágrima pra hora de dormir
Será que me viu desgrudar as calçadas?
Será que me viu rabiscar uma casa com o tijolo que sobrava no quintal?
Abro mão do meu coração e te dou
Pra que preencha esse oco no seu peito
Pra que ele bata por nós dois... por mais um tempo
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domingo, 21 de fevereiro de 2010
BOTA O CHINELO (MARCHINHA)
Bota o chinelo Vininha
Que a gente vai passear
A lua diz que quase era minha
A tristeza que acabei de jogar
Bota o chinelo Vininha
Bota a voz pra cantar
Mesmo que a lágrima venha
A gente vai botar pra quebrar
Amor não é só ilusão
Meu peito não é só contra-mão
Bota o chinelo Vininha
Que a gente vai se esbaldar
Todo o céu dessa noite se assanha
Pois já foi o tempo de chorar
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sábado, 20 de fevereiro de 2010
AQUELE SONO
Tenho no bolso as portas de casa
E no peito uma fotografia
No riso uma saudade difusa
Nas mãos aquela alegria
Tenho nos olhos um baita abraço
E na boca o banquete da tua vontade
No corpo o teu alvoroço
Na voz a nossa saudade
E como é que me escapa?
Como é que você me escapa?
Devolva-me aquele sono.
Postado por Beto Renzo às 23:15 1 comentários
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
APANHAR É PRECISO
Está aqui e ali
Tão perto com seu odor de vida
Tão certo com seu sabor de bem
Mas essa gente faz que nem sente
Faz que nem desaprende das tortas palavras no manual dos tristes
Numa artrite de sentimentos que primeiro gela a alma
E depois mostra os dentes
Seguem elegantes e sorrindo
Numa revoada capenga
Que mergulha em câmera lenta
Até esborrachar cada um em si mesmo
Eu aqui e ali
Só apanho
Apanho pela coragem que ofereço
Pela risada de que me atrevo
Pelo amor fora de contexto que eu busco e juro um dia alcançar
Apanho
O coração remendado
Trapo de farrapo de meus batimentos
Mas todo alma
Intacta e bela
E assim
Fora dessa panela de medo
Ei de herdar enfim o meu simples e merecido aconchego
Postado por Beto Renzo às 02:27 1 comentários
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
AGUENTA
Aguenta que já vai amanhecer a quarta-feira
A gente se judiou a noite inteira
Eu tive até a tua mão
Eu tive até o teu olhar
Quando você partiu faltou também me levar
Aguenta
Aguenta que não demora mais
O beijo que a gente teimou em deixar pra depois
Postado por Beto Renzo às 17:29 0 comentários
NEM FICO
Já é a dobra da madrugada
Agora o que sobra daquele sol
É o cheiro de fel que levo no meu coração
Segue o seu jogo vão
Sua sacola cheia de não
Tudo pra mim
Tudo que um dia eu ei de botar um fim
Já é a sola das palavras
A gente fala agora o que a boca nega
E o olho pega e confessa o que a alma quer
Segue o seu jogo de doer
Seu abraço na contra-mão
Tudo pra mim
Tudo que um dia eu ei de botar um fim
Nem fico
Vou embora por aí se esse é o único jeito que tenho
Pra dizer que não esqueci
Já é a quina da vontade
Agora a saudade saiu pra cantar
Que o sol é o altar onde deixo flores pra você
Segue o que a gente vê
O que a gente prevê
Tudo pra mim
Tudo que um dia eu ei de botar um fim
Postado por Beto Renzo às 15:25 0 comentários
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
UM SANTO QUALQUER
Não perca o seu tempo em me esquecer
Siga quase bem
Diga bem alto que tudo é tão melhor
Que o sol dos teus dias ficou maior
E quando a noite chegar procure lá
E peça segredo aos teus olhos
Não gaste o seu tempo pra me esquecer
Seja quase alegre
Conte que a minha febre te deixou
Que minha imagem fluorescente te abandonou
E quando a noite chegar procure lá
E peça segredo aos teus olhos
Mas peça a um santo qualquer
Pra não me ver por aí
Pois nessa hora
Teus olhos hão de te trair
Teu peito há de sucumbir
E tremer
E querer
Tudo aquilo
Isso que você inventou ter fim
Postado por Beto Renzo às 15:16 0 comentários
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
É POR ISSO
O amor é maior que você
Maior que a tua casa
Que a tua rua
Que o teu bairro
É maior que a lua
Que o sistema solar
E teima só em morar no coração
Que cabe dentro de você
É por isso que dói
E é também por isso que algumas vezes somos pessoas melhores
Algumas vezes
Postado por Beto Renzo às 17:46 1 comentários
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
SURPRESA
Vi você
Estúpido e com medo
Estático e sem jeito
Contido num frasco de analgésico
Incabível dentro do seu peito
Sem a possibilidade de um dia morrer
Pois não estava vivendo
Vi você
Chorando tuas besteiras
Mimado de esmolas
Ilhado de olhos cheios de pólvora
Correto para o abate
Um sorriso de trocados
Mas pra minha surpresa
Em você o escuro que já quase parece posto
É digerido por uma nova manhã
Uma nova
Com ranhuras de respeito
Mas nova e bela
Que da janela do sol a vida atira-se para o teu colo
Teu novo peito confortado e confortável
E você deixa de ser algo
Esquece de ser alguém
E passa a ser alma
Postado por Beto Renzo às 00:35 1 comentários
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
0 X 0
Queria que fosse
O que quero e que foge
E que se desisto e paro de correr
Pára também
E me olha
E me espera
E me pede desesperadamente que volte a persegui-lo
Queria que fosse
O que quero e que me esquece
E que se eu esqueço numa hora
Bate à minha porta
E reclama
E chora
E vai embora só depois que juro jamais jogá-lo fora
Postado por Beto Renzo às 10:34 3 comentários
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
CINCO MINUTOS
Fogo de palavra
Bolsa junto ao corpo
Pernas que passavam
Rostos sem sim nem não
Era ali na esquina
Na ponte Octavio Frias
Na linha azul
Na idéia que não abrias ao mundo
Teu absurdo doce
Doce e puro
O silêncio fosso
Banco de couro
Amor de aço
O osso que um cão sonha
Pra amanhã
Pra agora o nunca é nunca
Luz de olho calmo
Guarda-chuva aberto
Braços esticados
Um sonho é a contra-mão
Era ali na Sé
No edifício Itália
Num isopor que voa a marginal
Com água quase fria
Quase pura
Quase sua
O silêncio manco
Marca de cigarro
As câmeras do banco
O quero-quero vendo o jogo
Das gramas do Pacaembu
O coração full
Bala de saudade
Azul no céu da boca
Cinco minutos no nada
Cinco minutos é uma vida
No meio da tarde o amor é uma idéia louca
Que come concreto e aço
E agora?
Postado por Beto Renzo às 16:03 1 comentários
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
SEI BEM
Um sorriso ou a verdade
Um amor ou vaidade
No final do dia a cama é onde a gente confessa o que tem vontade
Um abraço ou a benção
Um cargo ou o coração
No final do dia a cama é onde a gente tira a roupa de toda ilusão
Sei bem de você
É tudo agora e é só o que eu sei fazer
Passa então
O tempo é bom
O que me dói é teu retrato em minha mão
Uma sala ou o mar
Uma bolsa ou o ar
No fundo da gente é onde ainda passam as tardes daquele lugar
Sei bem de você
É tudo agora e é só o que eu sei querer
Espera então
O tempo é são
Uma hora dessas eu me esparramo no seu colchão
Postado por Beto Renzo às 16:26 2 comentários
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
O SEU TAMBÉM
Tem razão
Dentro do seu metro quadrado de realidade analgésica
Tem razão
Eu sou dos loucos que não cabem no teu armário
Eu sou daqueles que não decoraram o calendário
Nem voa para o sul no inverno o meu coração
Tem razão então
Sabe que vai me amar só o tempo que durar a canção
Confortável então?
Esquece quantas canções eu posso inventar
Pra deixar doido também o seu coração
Postado por Beto Renzo às 15:03 0 comentários
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
ALMOFADA
Onde vamos depois que o led se apagar?
Onde vamos?
Quando o amp esfriar
Quando o hálito de cana permear a boca
Suave e doce
Uma puta sem sexo que faz nosso peito descansar
Onde vamos quando o relógio bocejar?
Onde vamos?
Quando acaba o lá fora
E a vida acontece aqui dentro e agora
Gentil e pura
A aventura sem fama que só a gente pode provar
Agora onde não há toalha sobre a cama
Sandália
Vestido
Pão dormido
Onde vamos depois que o dia acordar?
Onde vamos?
Quando a sala esfriar
E guardar ainda o resto da noite que passou
Certo e fértil
A almofada onde agora a minha cabeça vai descansar
Postado por Beto Renzo às 12:33 2 comentários
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
CONVITE
Pegue tudo que te faz tão letal
Eu quero ver você assim
Sem disfarce
Sem sutileza pra mim
Só deixe o batom
Pra eu saber o quanto teu veneno é bom
Pegue tudo que te faz tão letal
Eu quero te ganhar assim
Esse nada
Essa cortina sem fim
Teu perfume de sol
Espalhado pelo meu gasto lençol
Anda logo
Eu nem tenho pressa
Mas meu peito é uma festa
Que passa convidando só quem pode me acompanhar
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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
FOSSE
Que fosse um doce
Perdido do outro lado do vidro de um bar
Em oitenta e alguma coisa
Em janeiro
O dia ensolarado
O sol todo ensopado da água que eu espalhava
Quando meu corpo
De alegre se debatia
Que fosse a missa
Que de longe acontecia sem me causar náuseas
Em oitenta e aquela coisa
Em janeiro
O dia acabado
A noite chegando do fundo de um sábado
Quando minha alma
Passeava pela vida toda despreocupada
Fosse aquela hora
O passo que viria
A página que chegaria
Com letras grandes
Finalmente me revelando o teu nome
Amor primeiro, sorvete depois...
Postado por Beto Renzo às 16:10 0 comentários